O que acontece no corpo de quem passa muito tempo no espaço?
A ausência de gravidade, o isolamento e as altas doses de radiação afetam desde a massa muscular e o paladar até a imunidade e o ritmo de sono
Por Gabriela Monteiro
access_time2 out 2017, 18h27 - Publicado em 2 out 2017, 18h01

(Chiquinha/Mundo Estranho)
SAIU DA JAULA O MONSTROSem a gravidade terrestre, o corpo reduz a produção de células dos músculos porque “entende” que eles não precisam de tanto reforço. Partes que mais lutam contra essa força aqui na Terra, como a panturrilha e as costas, podem perder até 25% da massa muscular já nos primeiros dias de espaço. Astronautas fazem exercícios com elásticos para reduzir essa atrofia, mas mesmo assim a perda de massa chega a 5% por semana.
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(Chiquinha/Mundo Estranho)
ESQUELETO DE VIDROAssim como acontece com as fibras musculares, o corpo é desestimulado a produzir células dos ossos na ausência de gravidade. Resultado: a massa óssea cai em uma taxa de 1% ao mês, e projeções sugerem que essa perda só pararia na casa dos 60%.
CRESCIMENTO TEMPORÁRIOA gravidade ajuda a manter as vértebras “pressionadas” umas contra as outras. Sem essa força, elas se distanciam entre si. Isso aumenta a altura do astronauta em até 3% (para uma pessoa com 1,80 m, isso significa “crescer” para 1,85 m). Legal, né? Que nada. Quando ele volta pra Terra, sofre uma dolorosa compressão da coluna.

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QUAL LADO É PRA CIMA?A falta de gravidade também afeta o nosso aparelho vestibular, que nos dá senso de equilíbrio com base na posição de um líquido dentro de um órgão oco no nosso ouvido interno. Sem gravidade, esse líquido “flutua” lá dentro e causa tonturas, dores de cabeça, coriza e uma baita desorientação.
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(Chiquinha)
MUITO POUCO SANGUESem gravidade, o sangue corre doido por todo o corpo, diferentemente do que rola na Terra, onde ele “desce” para os pés. A pressão sanguínea no cérebro sobe, o que é interpretado pelo organismo como excesso de sangue. Resultado: o corpo para de produzi-lo, e o volume cai 22% em três dias. Sem sangue para bombear, o coração atrofia e a pressão arterial desce.

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NÃO ME TOQUEComo a vida no espaço não tem brisas no rosto, empuxo da gravidade na pele nem contato prolongado entre ela e objetos (como o atrito constante com roupas), os astronautas perdem sensibilidade na pele. E o tato não é o único sentido alterado: o olfato e o paladar também ficam menos apurados, por causa do pouco uso.

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DE REPENTE, 30No espaço, fora da atmosfera protetora da Terra, os astronautas ficam sujeitos à radioatividade intensa do Sol e de outros corpos celestes. Não é um problema do nível de Chernobyl, mas é feio: as células do corpo envelhecem muito mais rápido e o risco de desenvolver câncer aumenta. E não, as naves atuais não têm proteção contra a radiação.

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SÍNDROME DA CABINEPassar meses flutuando no espaço com astronautas meio desconhecidos ponderando sobre a pequenez humana toda vez que se observa a Terra pela escotilha não é fácil. Depressão, conflitos internos e vontade de abrir a porta da estação espacial e tornar-se um só com o Nada são alguns dos efeitos psicológicos que podem rolar “lá fora”.
Fonte: https://mundoestranho.abril.com.br/ciencia/o-que-acontece-no-corpo-de-quem-passa-muito-tempo-no-espaco/






