Introdução sobre selos verdes de verdade


selos verdes
Os consumidores conscientes sofrem. Não só pela dor na consciência, quando acabam não tendo uma opção mais social e ecologicamente satisfatória na sua compra, mas quando têm essa opção, mas não têm certeza se ela é verdadeira. Nesse sentido, a questão dos selos verdes ou ambientais lembra muito a confusão que muitos consumidores ainda fazem sobre o que é um produto light e um diet.

No Brasil e no mundo, há uma proliferação de selos verdes e sociais de todos os tipos (para reclicagem, orgânicos, manejo florestal etc.). Afinal, preservação ambiental virou um novo atrativo comercial nos últimos anos. Paralelamente a essa proliferação de selos, no entanto, existe a má fé de algumas empresas que ludibriam o pobre consumidor, colocando, por exemplo, certificados reguladores obrigatórios como se fossem diferenciais. Quem já viu nas propagandas de carro um selinho do Ibama? Pois é, aquele selo nada mais é que uma obrigação da montadora em seguir certos critérios na produção e na regulagem do motor, como o uso de catalisadores. Em outros casos, as empresas fazem alarde sobre objetos ecologicamente corretos, mas que, na verdade, ainda devem ser melhor estudados para serem definidos assim como é o caso das sacolas de plástico biodegradável.

selo verde

Na verdade, há dois tipos de selos sendo exibidos nas embalagens de produtos e nas propagandas: os independentes e os auto-reguladores. Os primeiros são selos de instituições independentes privadas ou estatais, de organizações não-governamentais ou associações empresariais. Os segundos são selos que a própria empresa ou instituição cria para tentar se auto-regulamentar e comunicar o consumidor.

Nem seria preciso dizer que os auto-reguladores são uma questão polêmica. Afinal, o consumidor precisa acreditar no que o fornecedor está dizendo e que ele faz sua própria auditoria e fiscalização.

Além dessa questão, muitos selos parecem apenas ilustrações que não identificam exatamente o que são. É o caso do símbolo da reciclagem. Usado hoje em dia em vários produtos, esses símbolos podem dizer tanto que o material usado foi reciclado quanto que a embalagem e/ou produto pode ser reciclado. Cabe ao consumidor ler com atenção a embalagem.

O Brasil tem participado da certificação ambiental de diversas formas, tanto usando selos internacionais como lançando os seus próprios selos.

Bom, antes de seguirmos para próxima página e fazermos um pequeno resumo dos principais selos existentes atualmente no Brasil, vamos contar um pouco dessa história.

Nos anos de 1940, surgiram no mundo desenvolvido uma série de rótulos obrigatórios para produtos, visando principalmente precauções à saúde do consumidor. Mas é no final dos anos 70, com a pressão do movimento ambientalista que começaram a surgir os primeiros selos verdes. AAlemanha inaugurou essa cultura com o “Anjo Azul” (Blau Engel) em 1978. Trata-se de um selo do governo alemão, que atesta produtos oriundos da reciclagem, com baixa toxicidade, sem CFC (clorofluorcarbonetos) etc. São3,6 mil produtos certificados para os consumidores (dados de 2008). Os Estados Unidos têm desde 1989 o Green Seal. E a União Européia tem desde 1992 o Ecolabel. Todos esses selos são independentes e não sofrem com a desconfiança que existem nos selos auto-reguladores. Como conseqüência da sua própria regulamentação, muitos países começaram a exigir a mesma contrapartida para os produtos importados. É nesse contexto e embalado pelo encontro da ECO-92, que a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) criou a certificação de Gestão Ambiental, em 1993. Na verdade, esse selo é uma ratificação nacional do selo ISO 14001, uma certificação internacional que compreende princípios básicos de gestão como cuidados no tratamento de resíduos, controle da compra de insumos e matérias-primas etc.

Nos anos 2000, houve uma verdadeira explosão dos selos verdes. Só de agricultura orgânica são cerca de 20 selos hoje no mercado brasileiro. O país conseguiu importantes avanços na área como selo Procel, por exemplo, do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) que diz a faixa de consumo de energia de seus eletrodomésticos. Algumas das certificadoras internacionais já se instalaram no Brasil como aForest Stewardship Council, o maior certificador de manejo florestal do mundo, que aqui tornou-se Conselho Brasileiro de Manejo Florestal. Além disso, muitas empresas têm procurado a certificação internacional diretamente para suprir a falta de alternativas brasileiras. Por exemplo, oLeed (The Leadership in Energy and Environmental Design), sistema norte-americano de certificação de construções sustentáveis, já vem sendo usado no país. Em setembro de 2008, 38 projetos brasileiros haviam se candidatado para receber o selo da instituição.

Enfim, nem tudo está perdido para o consumidor consciente.