RÓTULOS MENTIROSOS
Brasil é o país que menos pratica greenwashing
Pesquisa sobre greenwashing, realizada pela Market Analysis, mostrou que os produtos brasileiros são os que usam menos apelos em suas embalagens para dar ao consumidor uma falsa impressão de preocupação ambiental. Ainda assim, a prática é frequente no país: 90% de todos os produtos nacionais analisados pela pesquisa possuem algum tipo de apelo ecológico
Mônica Nunes/Débora Spitzcovsky
Planeta Sustentável - 16/06/2010
Os consumidores do mundo inteiro andam mais preocupados com o impacto dos produtos que consomem e, no Brasil, não é diferente. Nosso país chegou a ficar em segundo lugar no ranking das nações mais preocupadas com consumo consciente, na pesquisa Greendex 2009, realizada pela National Geographic Society (saiba mais em Brasil é o segundo país em consumo sustentável).
Para ganhar a simpatia dos consumidores, muitas empresas estão divulgando por aí suas ações de responsabilidade socioambiental, mas segundo o relatório Monitor de Responsabilidade Social Corporativa, publicado anualmente pelo instituto de pesquisas Market Analysis, apenas 6% das companhias divulgam os resultados reais de suas iniciativas sustentáveis, o que significa que muitas empresas andam praticando “greenwashing”, ou seja, passando uma imagem ecologicamente responsável que não condiz com a realidade.
Nesse cenário, para saber exatamente quais companhias estão querendo enganar os consumidores com apelos ecológicos, a Market Analysis realizou uma nova pesquisa, a Greenwashing no Brasil, para mapear e quantificar os produtos nacionais que, de alguma maneira, tentam iludir o consumidor em suas embalagens. O estudo cruzou dados com iniciativas semelhantes – promovidas nos EUA, Canadá, Inglaterra e Austrália, pela consultora internacional TerraChoice – e apontou que o Brasil é o país que possui menos apelos ecológicos nos rótulos de seus produtos: nossa média é de 1,8 apelo por artigo analisado, enquanto os EUA lideram o ranking, com 2,3 apelos por produto.
Além disso, a pesquisa mostrou que o Brasil é o país que apresenta o maior número de produtos sem qualquer tipo de “greenwashing”: foram 87, dos 500 itens analisados. Ainda assim, 90% dos artigos nacionais avaliados pela iniciativa contém, pelo menos, um apelo ecológico em suas embalagens, sendo que a maioria desses produtos são lançados no mercado pelo segmento de cosméticos e higiene pessoal.
OS SETE PECADOS NAS EMBALAGENS
Para avaliar os produtos brasileiros, a Market Analysis usou os mesmos critérios da canadense TerraChoice: os Seven Sins Of Greenwashing, que classificam os tais apelos ecológicos em sete categorias.
São elas:
– Custo ambiental camuflado: se refere aos rótulos que destacam uma qualidade ambiental do produto para camuflar outras características insustentáveis que, juntas, têm um custo ambiental muito maior;
– Falta de prova: analisa as declarações vagas nas embalagens dos produtos, como “ambientalmente correto”, que não especificam os fatos em que são baseadas;
– Incerteza: se refere a expressões que provocam dúvida no consumidor, como o termo “material reciclado”, que não indica, exatamente, a porcentagem do produto que foi feita do reaproveitamento de materiais;
– Culto a falsos rótulos: condena as embalagens que, a partir de palavras ou imagens, querem passar a falsa ideia de endosso de entidades de renome, como a FSC;
– Irrelevância: se refere aos rótulos de produtos que indicam uma qualidade que, na verdade, possui benefício ambiental quase nulo;
– Mentira: indica embalagens que contém declarações totalmente falsas e
– Menos pior: se refere a produtos que, por mais que tenham qualidades ambientais, só trazem malefícios para o consumidor e para o meio ambiente, como o cigarro orgânico.
No Brasil, o “pecado” mais presente nos rótulos dos produtos é o da Incerteza: 46% das embalagens nacionais provocam, propositalmente ou não, algum tipo de dúvida no consumidor, enquanto, nos demais países, o pecado do Custo ambiental camuflado é mais frequente.
Para diminuir o número de vítimas do greenwashing, os pesquisadores da Market Analysis dão uma dica aos consumidores: é preciso procurar, sempre, nos rótulos dos produtos, os selos oficiais das entidades comprometidas com a responsabilidade socioambiental. Entre elas: o Procel, de economia de energia, e o FSC, que atesta os produtos que não contribuem para o desmatamento das florestas (para saber mais, leia a reportagem Como os selos verdes podem ajudar?).
Veja a pesquisa Greenwashing no Brasil, da Market Analysis, na íntegra.
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Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br/imagem/embalagem-verde-Abre.jpg
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