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Rótulos sem mistérios
As informações na embalagem de um produto revelam aspectos importantíssimos do alimento. Por isso, aprenda a desvendar aquelas letrinhas minúsculas e saiba como fazer a escolha certa na hora da compra
Isabela Leal
Revista Máxima – 09/2010
Ler os rótulos dos alimentos que você e sua família consomem é o primeiro passo para levar saúde para casa. Ali estão reunidas as informações fundamentais sobre o produto. No Brasil, 89% dos consumidores consultam o rótulo no momento da escolha e, desse grupo, 61% usam a informação como fator de decisão da compra, segundo pesquisa do Ministério da Saúde. Mas as autoridades ainda consideram o número baixo. “A maior
causa de morte por doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e obesidade, se relaciona ao consumo de alimentos. Esse quadro poderia ser outro se o cliente lesse melhor o rótulo”, afirma Denise Resende, gerente geral de alimentos da Agência Nacio- nal de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Também é importante o consumidor separar o que é informação que faz a diferença e o que é mais um instrumento de marketing. Exemplo: muitos óleos vegetais trazem na embalagem a frase “Não contém colesterol” — mas nenhum item de origem vegetal possui colesterol, só os de origem animal. Outra informação comum, que na prática não significa muito: “Rico em ferro, vitamina C e zinco”. Segundo a nutricionista Marlete Pereira da Silva, do serviço de Nutrição e Dietética da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, alguns produtos até contêm nutrientes em quantidades maiores que os convencionais, porém, geralmente, esse acréscimo não é suficiente para suprir as necessidades diárias.
FIQUE DE OLHO PARA EVITAR CILADAS
Saiba o que levar em conta na próxima vez que você for ao supermercado...
Informações básicas: Além da tabela nutricional, todos os produtos industrializados
precisam ter denominação de venda do alimento, lista de ingredientes, conteúdo líquido,
identificação da origem e do lote, data de validade (a data de fabricação não é obrigatória) e modo de preparo (quando o produto exige orientação para ser preparado).
Pesos e medidas: “Confira se as quantidades estipuladas na tabela nutricional têm o equivalente em medidas caseiras (colher, copo, xícara). Isso é obrigatório”, alerta a sanitarista Sílvia Vignola, do conselho consultivo do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
Produtos magros: Nos produtos diet (quando são retirados um ou mais ingredientes da fórmula original) e light (quando há redução de pelo menos 25% de um dos ingredientes em relação à versão tradicional) é obrigatório revelar os elementos que foram excluídos ou reduzidos nas duas versões e as suas quantidades. “Por exemplo, o queijo magro deve
trazer no rótulo as duas informações — dele próprio e do convencional”, diz Denise Resende, da Anvisa.
Calorias exatas: “Ao comparar calorias entre dois produtos, observe a quantidade.
Muitas vezes um alimento parece ter um valor energético mais baixo do que outro, mas na verdade a informação se refere a uma porção menor. Dessa forma, não há vantagens e é natural que o valor energético seja mais baixo”, alerta a nutricionista Soraia Covelo Goulart, do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (USP).
Itens importantes: Os rótulos precisam informar se o alimento contém glúten e corante tartrazina (uma substância de cor amarela, que costuma causar alergias com facilidade). Mais: “Todo sal precisa ser iodado na indústria e é obrigatório apresentar essa informação no rótulo”, diz Sílvia Vignola, do Idec.
Preço na mira: “Quando for aproveitar produtos em promoção, verifique se não estão vencidos, pois algumas lojas colocam os itens em oferta quando se aproximam da data de validade. E não é raro encontrar alimentos que já venceram”, alerta a nutricionista Marlete Pereira.
Depende do objetivo: Muitas vezes é preciso ponderar se um benefício compensa um risco. Um alimento rico em fibras, por exemplo, pode também conter muita gordura — é melhor verificar. Os chocolates diet, que não contêm açúcar, possuem um acréscimo elevado de gordura para atingir a consistência desejada. Nesse caso, funciona para diabéticos, porém não para quem tem o colesterol alto ou precisa emagrecer.
ISTO É OBRIGATÓRIO
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a tabela nutricional apresente
as quantidades de valor energético, carboidratos, proteínas e gorduras. “Mas os países do Mercosul saíram na frente e acrescentaram a essa lista os índices de gordura trans, gordura saturada, fi bras e sódio”, diz Denise Resende. Na descrição de ingredientes estão todos os itens que fazem parte do produto.
Agora, saiba o que cada item significa para a sua saúde:
Valor energético
É a quantidade de energia fornecida pelo alimento. É importante para quem quer emagrecer e precisa controlar as calorias ingeridas.
Gorduras totais
Compreende a soma de todos os tipos de gordura do alimento. Em excesso, podem aumentar peso, nível de colesterol e triglicérides.
Proteínas
Aparecem principalmente em alimentos de origem animal e leguminosas (feijão, ervilha, grão-debico, lentilha e soja). São essenciais para a formação dos músculos e renovação das células.
Carboidratos
Compõem os alimentos que dão energia. Consumidos em excesso, podem elevar o nível de glicose do sangue. Os diabéticos devem observar a quantidade por porção.
Fibras
Vegetais, cereais, sementes e grãos são as principais fontes. Auxiliam o funcionamento do intestino e aumentam a sensação de saciedade.
Sódio
Quase 99% dos alimentos contêm sódio, mesmo os doces (em mínimas quantidades). Em excesso, pode comprometer a parede das artérias e provocar hipertensão.
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